GONÇALO BYRNE ARQUITECTOS
 

Lisbon, Portugal

1997-2001

 
 

Photos: Daniel Malhão

Maritime Control Tower of the Port of Lisbon

Due to its function and its geographical position, the Maritime Traffic Coordination and Control Center of the Port of Lisbon assumes an exceptional presence in the river, operating in the transition between land and water. Aimed at controlling the traffic of a vast maritime and river area, the new architectural structure seeks its symbolic meaning, similar to other constructions that, throughout history, have been built on the riverfront.

From the connotation to “power” to its military and strategic derivations, the tower’s verticality suggests control and ritualises the relationship between earth and sky. On the other hand, the horizon line, the marginal front and the jetty of the port, in their panoramic approximation, constitute conceptual references of horizontality. The plane of water also expresses fluidity, containing, in addition to its own movement, the movement of traffic that “slides” on its surface, acquiring a dynamic valence that is confronted with the immobility of the earth and the tower. These two ideas, horizontality and movement, are found in the image of the building sliding in its support (the jetty), a suggestion of near-suspension stimulated by the oblique rise of the volume, imparting the tension of an (apparent) imbalance.

Following the classical order of architecture with a base in stone, a shaft covered with copper, and a capital of “light” and transparent glass, illuminated by night like a lighthouse, that virtually dissolves in the air while emitting radio and radar waves, of “VHF” and “GPS”, 24 hours a day.

 
 

Português

 

O Centro de Coordenação e Controlo de Tráfego Marítimo do Porto de Lisboa, pela função que desempenha e pela posição geográfica que ocupa, assume uma presença de excepção na relação da cidade de Lisboa com o rio. Destinado a controlar o tráfego de uma vasta área marítima e fluvial, a nova estrutura arquitectónica procura o seu significado simbólico, à semelhança de outras construções que, ao longo da história, se foram construindo na frente ribeirinha.

Da conotação do "poder" às suas derivações militares e estratégicas, a vertical dominante da torre sugere sempre controlo. Por sua vez, a linha do horizonte, a frente marginal e o molhe do porto, na sua aproximação panorâmica, constituem referências conceptuais e materiais de horizontalidade. O plano de água expressa, ainda, a fluidez, contendo, para além do seu próprio movimento, o movimento do tráfego que "desliza" na sua superfície, adquirindo uma valência dinâmica que se confronta com a estaticidade da terra e da torre. Estas duas ideias, a de horizontalidade e a de movimento, encontram-se na imagem do edifício a deslizar no seu suporte (o molhe), uma sugestão de quase suspensão dinamizada pela ascensão oblíqua do volume, imprimindo a tensão de um (aparente) desequilíbrio.

A torre de controlo pretende assinalar os valores do tempo presente, desde logo o sentido real e visível de uma época de transição e de intensas transformações, que retira peso e certeza dogmática a muitos dos conceitos dados como adquiridos e inquestionáveis. E o que alguns têm apelidado de "insustentável leveza" do tempo presente, traduz-se arquitectonicamente num edifício que não se limita às referências de farol, torre de observação, ou outros arquétipos reconhecíveis, mas que, cada vez mais, recorre à função mediadora da electrónica, da informática e da realidade virtual, etérea e imaterial, começando num volume que desliza e se eleva desde a solidez da pedra, seguida do revestimento de cobre , para se concluir na ligeireza e transparência do vidro, e finalmente na "imaterialidade" das ondas hertezianas simbolizadas por antenas.