GONÇALO BYRNE ARQUITECTOS
 

ARRAIOLOS, Portugal

1982-1992

 
 

PHOTOS: RUI MORAIS DE SOUSA

CGD - Bank Branch Office

The morphology of the small town of Arraiolos in Northern Alentejo has its origin in the location of its castle in a preeminent hill resulting in the development of the principal streets parallel to the contour lines and another system of perpendicular streets with origin at the castle. The bank office is located at the historical centre, occupying a very deep and narrow plot between Praça Lima e Brito, the main village’s major square, and Rua da Misericórdia. The proposed design intended thus to solve two major problems that arose immediately: to guarantee the continuity of the urban front facing the square and to create different solutions to illuminate the interior of the resulting from the straight and long building.

The square contained a wide range of façades, “chromatic vibrations of light under the lime” (in the words of Ana Vaz Milheiro), creating a game of very subtle curves, of small advances and retreats, made possible by the solution of a deconstructed double wall. An opaque plane, separated from the body of the building, interconnects with the plane of the urban façade, assuming the transition between an archaic and traditional architectural language and a contemporary one. It was important to understand how the place could be transformed starting from the pre-existing conditions while simultaneously ensuring the contemporaneity of the proposed transformation. A transparent plane at the back allows light to enter and illuminate the entrance foyer and building’s interior to its full depth. This architectural device endows the building with a vital luminosity under the effect of reflected sunlight, standing out in the square without breaking the continuity of the urban façade. The complexity of life that occupies the square is suggested by the interior activity that can be guessed at by the differentiated character of the quality of light.

The internal dynamic develops taking advantage of its depth. The lower-ceilinged entrance precedes the long double-ceilinged space, marked by the curved volume (where archives, vaults, work areas are) suspended above the counter, ripped along virtually the entire length. A pure and autonomous cube (a sculptural element), which contains the manager’s working area, acts as a point of convergence for the formal game and the lines of force of the composition. The interplay between these elements is reinforced by the tension created by the divergences between the longitudinal planes of the walls, balconies, lighting, and by the static opposite presence between the void and the inner cube.

The light sculpts the space, defining its different appropriations: in the public area, a lantern accompanies the longitudinal axis, while in the centre, a skylight emphasises the punctual situation of the cube, illuminating the waiting room of the manager’s office. 

 
 

PORTUGUÊS

 

A morfologia da pequena vila de Arraiolos no Norte Alentejo tem a sua origem na localização do seu castelo numa colina proeminente, resultando no desenvolvimento das ruas principais paralelas às curvas de nível, cruzando-se, perpendicularmente, com aquelas que têm origem no castelo. A agência bancária está localizada no centro histórico, ocupando um lote profundo e estreito (de sete metros de largura por trinta e sete metros de comprimento) entre a Praça Lima e Brito, a praça principal da vila, e a Rua da Misericórdia. O desenho proposto pretendeu resolver dois problemas que se impuseram de imediato: garantir a continuidade da frente urbana voltada para a praça e criar diferentes soluções para iluminar o interior do edifício resultante da ocupação do lote.

A praça continha uma grande variação de fachadas, “vibrações cromáticas da luz sob a cal” (nas palavras de Ana Vaz Milheiro), criando um jogo de curvas muito subtis, feito de pequenos avanços e recuos, possível pela solução de uma parede dupla desconstruída. Um primeiro plano opaco, separado do corpo do edifício, interliga-se com o plano da fachada urbana, assumindo a transição entre uma linguagem arquitectónica arcaica e tradicional e outra contemporânea. Foi preponderante compreender como é que se podia transformar o lugar partindo do preexistente e, simultaneamente, assegurar a contemporaneidade da transformação proposta. Um segundo plano transparente permite a luz entrar e iluminar o foyer de entrada e o interior do edifício a toda a profundidade. Este dispositivo arquitectónico dota o edifício de uma luminosidade vital sob o efeito da luz solar reflectida, destacando-se na praça sem quebrar a continuidade da fachada urbana. A complexidade da vida que ocupa a praça é sugerida pela actividade interior que se adivinha pelo carácter diferenciado da qualidade da luz.

A dinâmica interior desenvolve-se tomando partido da profundidade do espaço. A entrada de pé-direito mais baixo precede o longo espaço de duplo pé-direito, marcado pelo volume curvo (onde se encontram os arquivos, os cofres, as áreas de trabalho) em suspenso por cima do balcão, rasgado ao longo praticamente de todo o comprimento. Um cubo puro e autónomo (assumido como elemento escultórico), que contém a sala de trabalho do gerente, funciona como ponto de convergência do jogo formal e das linhas de força da composição. O jogo entre estes três elementos é reforçado pela tensão criada pelas divergências entre os grandes planos longitudinais das paredes, balcões, iluminação e pela presença estática oposta entre o vazio e o cubo. A luz esculpe o interior definindo as diferentes apropriações: na área pública, uma lanterna acompanha o eixo longitudinal, enquanto na zona central uma clarabóia enfatiza a situação pontual do cubo, iluminando a área da sala de espera.