GONÇALO BYRNE ARQUITECTOS
 

bolzano, italy

2020

 
 

coauthors:

Francesco Ceola/Luca Vincenzi Architetti 

Atelier Bellagamba Palmitessa

Architetti Associati BMZ

Residential Tower with Public Facilities

In an uncharacterised area, the proposal privileges a landscape approach, establishing a deep relationship between the tower and its attachment to the ground to create an articulated space capable of offering itself to the community as a significant moment of meeting and identification. This outdoor space defines a set of open rooms, delimited by high hedges, that multiply and enrich the offer of spaces for communion, allowing opportunities for relationships throughout the different seasons of the year. To create maximum continuity between the outer space and the tower, it contains a structural base with minimal contact points with the ground, offering a contemporary reading of the traditional portico as an urban element. The two functions foreseen by the competition - residential versus public use areas - were conceived as specificities in a coherent and unitary architectural score. The proposal starts with the idea of a large “table” as an element of mediation and connection between the base of the tower of public nature (resting directly on the ground and extending over two floors) and the wooden volume of the dwellings rising slightly towards the sky. The base was conceived as a single glass element to reinforce its public character. With an autonomous steel structure, the glass volume sets back concerning the base’s protective shell in reinforced concrete (this setback varies according to the sun exposure).

The vertical wooden volume, corresponding to the residential component of the building, acts as a counterpoint to the horizontal emptiness of the base. The accessibility system determines the overall design based on the organisation of the basement. The attention paid to access to the houses reflects in all other floors. The distribution space was expanded and illuminated by two deep “cuts” of light, which open to the outside, transforming the threshold between private space and communal space into a place for interaction between the inhabitants, always guaranteeing the privacy of the entrance. The internal distribution of each dwelling follows simple rules. All rooms have a living area next to the entrance and a separate intimate area, a bathroom with a window, and views towards different sides. Thermal and acoustic comforts are guaranteed by using wood in support floors and walls. And the use of a ventilated façade provides even more environmental quality: the exterior cladding forms a structure of lamellar cedar uprights and beams, filled with panels, also in cedar. Each panel constitutes an autonomous element to allow ventilation without worsening the structure’s fire resistance (avoiding the chimney effect). The constructive autonomy of the individual panels also facilitates the possible replacement or restoration of individual elements. At an architectural level, the structure proposed on the façade produces a chiaroscuro vibration on the surface that, on the one hand, attenuates the volume and, on the other, controls the variability of the natural material, making it the characterising element of the project.

 
 

Português

 

Perante uma área de implantação descaracterizada, a proposta releva uma abordagem paisagística, estabelecendo uma relação profunda entre a torre e a sua fixação ao solo de forma a criar um espaço articulado, capaz de se oferecer à comunidade como um momento significativo de encontro e identificação. Este espaço exterior concebe-se como um conjunto de “salas” abertas, delimitadas por sebes altas, que multiplicam e enriquecem a oferta de espaços de comunhão, permitindo oportunidades de relacionamento ao longo das diferentes estações do ano. Para criar máxima continuidade entre espaço exterior e a torre proposta, esta contém uma base estrutural com mínimos pontos de contacto com o solo, oferecendo uma leitura contemporânea do tradicional pórtico como elemento urbano. As duas funções previstas pelo concurso - espaços residenciais e espaços de uso público - foram pensadas como especificidades numa partitura arquitectónica coerente e unitária. Partiu-se da ideia de uma grande “mesa” como elemento de mediação e ligação entre a base da torre de carácter público, que assenta directamente no solo e se estende por dois pisos, e o volume correspondente às habitações, que se eleva, levemente, em direcção ao céu. Para acentuar o carácter público, a base foi concebida como um único elemento em vidro, com estrutura autónoma de aço, recuado em relação à grande mesa ou concha protectora em betão armado (o recuo varia consoante a exposição solar). A renúncia à repetição do pilar periférico para a estrutura de betão armado acentua a continuidade do volume envidraçado com o espaço público em redor, privilegiando-se o lado voltado para o eixo das vias cicláveis/pedonais do bairro.

O volume vertical de madeira, correspondente à componente residencial do edifício, actua como um contraponto ao vazio horizontal da base. No seu desenho, foi dada particular atenção ao sistema de acessibilidade a partir da organização da cave. Os apartamentos com áreas superiores localizam-se no primeiro piso útil para habitação (2.º). A atenção dedicada ao acesso às casas reflecte-se em todos os outros pisos do edifício. O espaço de distribuição foi ampliado e iluminado por dois “cortes” profundos de luz, que se abrem para o exterior e contribuem para transformar o limiar entre espaço privado e espaço comum em espaço de interacção entre os habitantes, garantindo sempre a privacidade da entrada. Esta preferência implicou a redução do número total de habitações, no entanto, face ao distanciamento social actual, optou-se por privilegiar o espaço de relacionamento. A distribuição interna de cada habitação segue regras simples. Todas as habitações possuem uma área de estar junto da zona de entrada e uma área íntima separada desta; uma casa de banho com janela (no mínimo) e dispõem de vista dupla ou tripla. Os confortos térmico e acústico são garantidos pela utilização de pisos e paredes de suporte em madeira. E o aproveitamento da fachada ventilada proporciona ainda mais qualidade ambiental: o revestimento exterior vê a alternância de montantes e vigas, em cedro lamelar, com painéis, também, em cedro. Cada painel constitui um elemento autónomo para permitir a ventilação sem agravar a resistência ao fogo da estrutura (evitando-se o efeito chaminé). A autonomia construtiva dos painéis individuais agiliza, também, a possível substituição ou restauração dos elementos individuais. A nível arquitectónico, a estrutura proposta na fachada produz uma vibração claro-escuro da superfície que, por um lado, atenua o volume e, por outro, controla a variabilidade do material natural, assumindo-o como elemento caracterizador do projecto.