GONÇALO BYRNE ARQUITECTOS
 

Alcobaça, Portugal

1998-2009

 
 

Coauthor: falcão de campos

 

Photos: Duccio Malagamba

Rehabilitation of the surroundings of the Santa Maria de Alcobaça Monastery

The morphology of the City of Alcobaça is inseparable of the Cistercian Abbey’s genesis around the XII century. The territory was shaped after the abbey’s location and foundation at the cross of the two existent rivers: the Alcôa and the Baça rivers. Throughout the centuries and several modifications on the Abbey, it continued to determine the city’s development in its surroundings.

The architectural design aimed to promote and encourage a contemporary relationship of complementariness and harmony between the City and the Monastery, once the area of intervention implies three different elements all linked to the abbey’s history and, consequently, to the city’s own development: the South wing of the Monastery (converted into a Museum) and the barn; the public main square and the adjacent side square and streets; and, finally, the area of the confluence of the two rivers Alcôa and Baça (including a support building of a cafe).

Celebrating the water and sensing the presence of the rivers is decisive in this context, whereas the project restores the inclination of the square, and creating a surface gutters network both enhance and display the draining of the water running to the river (a system known and used by the monks). A gutter for running water reveals the alignment of the Church with the Castle and the presence of the river Baça.

 
 

Português

O projecto de requalificação do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça e área envolvente compreende três importantes fases: a recuperação da Ala Sul do Mosteiro para galeria de exposições temporárias, a requalificação do Rossio e ruas adjacentes, e, por fim, a reabilitação dos equipamentos e espaço público junto à confluência dos rios Alcôa e Baça. As diferentes intervenções, ainda que separadas temporal e espacialmente, permitem tornar visível, novamente, a presença dos rios e, dessa forma, celebrar a água, que determinara, na sua génese, a implantação e a configuração do Mosteiro.

As várias intervenções delimitam o seu campo operacional nos espaços onde se localizam, revelando-os através de novas perspectivas e dimensões, que nos conduzem ao resgate dos seus usos e memórias, num conjunto global só então apreendido perante a consolidação de estruturas e elementos, que o tempo foi fragilizando, num processo de reacondicionamento em direcção a novas leituras e usos, introduzindo, como sempre aconteceu, marcas de contemporaneidade, num processo contínuo de evolução do conjunto monumental.

A intervenção no Rossio e zona envolvente procura reestabelecer a relação de complementaridade entre a cidade (em especial, o centro histórico) e o Mosteiro, retirando, na zona envolvente deste monumento, o trânsito de atravessamento e o estacionamento automóvel à superfície. Rebaixa-se a Rua D. Pedro V, indo ao encontro das cotas primitivas, libertando o cunhal e os vãos do Mosteiro, que estavam soterrados. O saibro contorna o Mosteiro e evoca o antigo terreiro, espaço espontâneo não planeado, de intercâmbio entre o laico e o religioso, entre cidade e Mosteiro.

Na Praça D. Afonso Henriques, recoloca-se à cota original o chafariz, valorizando e enfatizando a sua presença com um lajedo em pedra lioz. A água proveniente do chafariz corre por duas caleiras, à sombra dos plátanos, assinalando os arcos de passagem para a Praça da República e uma pequena fonte aí existente.